A escrita dos cálculos e as técnicas operatórias

Segundo Cecília PARRA em Didática da matemática, as crianças constroem, desde cedo, critérios para comparar números, levando-as a levantarem duas hipóteses: que as crianças elaboram critérios próprios para produzir representações numéricas e que a construção da notação convencional não segue a ordem da sequencia (numérica), ainda que esta desempenhe um papel importante dessa construção.



Para tal averiguação, criaram uma situação experimental que centrada na comparação de números, através de um baralho de vinte cartas numeradas entre 5 e 31, com um único desenho em cada carta, que propiciasse somente a comparação através da escritas numérica; e outra centrada na produção deles, pedindo que pensassem em um número bem alto e escrevessem-no.
A partir das afirmações das crianças, observou-se que para elas quanto maior a quantidade de algarismos de um número, maior é o número. Lerner e Sadovski apontam que “o critério de comparação que as crianças construíram funcionam ainda quando elas não conhecem a denominação oral do numero que estão comparando.” Trata-se, então, de um critério elaborado fundamentalmente a partir da interação com a numeração escrita e de maneira relativamente independente da manipulação da sequencia dos nomes dos números. Trata-se também de uma ferramenta poderosa no âmbito da notação numérica, já que permitirá comparar qualquer par de números cujas quantidades de algarismos sejam diferentes.


As crianças chegam a duas conclusões potencialmente contraditórias:

Por um lado, elas supõem que a numeração escrita se vincula estritamente a numeração falada;
Por outro lado sabem que nosso sistema de numeração a quantidade de algarismo relacionada à magnitude do número representado.
Tomar consciência deste conflito e elaborar ferramentas para superá-lo parecem ser passos necessários para progredir até a notação convencional.
Segundo Delia Lerner e Patricia Sadovisk, a modalidade que o ensino da notação numérica em geral assume, pode caracterizar-se assim:
“Estabelecem-se metas definidas por série, na primeira trabalha-se com números menores que cem, na segunda com números menores que mil, e assim sucessivamente. Só a partir da quinta série manipula-se a numeração sem restrição. A explicação do valor posicional de cada algarismo em termos de unidade, dezenas, centenas, etc., considera requisito prévio para a resolução de operações nesse intervalo.”

Para a criança a noção de número é necessária o mais cedo possível, operar, ordenar, produzir e interpretar devem constituir o eixo ao redor do qual organizam-se situações didáticas que propomos.
Trabalhar com números a partir de um contexto proporciona a criança uma situação de aprendizado, fazendo parte da realidade, inserida no meio social em que vive trazendo operações matemáticas que fazem parte do seu cotidiano, uma simples solicitação de produzir ou  interpretar um número funciona como uma faísca na qual estabelecem discussões produtivas, por exemplo representando idades, preços, etc.



Segundo Parra, ”podemos entender calculo mental o conjunto de procedimentos em que uma vez analisados os dados a serem tratados, estes se articulam, sem recorrer a um algoritmo preestabelecido para obter resultados  exatos ou aproximados.
Os procedimentos de cálculo mental se apoiam nas propriedades do sistema de numeração decimal e nas propriedades das operações, e colocam em ação diferentes tipos de escrita numéricas, assim como diferentes relações entre os números.
Para muitas pessoas o cálculo mental está associado a rapidez. Na perspectiva que adotamos, a rapidez possa ser uma característica nem um valor, ainda que possa ser uma ferramenta em situações didáticas nas quais, por exemplo, permita aos alunos distinguir os cálculos que dispõem os resultados na memória dos que não dispõem. Isso não significa descartar os cálculos escritos e exatos nos quais são utilizados algoritmos.



Em particular o cálculo mental, tem sido pouco teorizado, e fica muito a ser pesquisado quanto ao seu papel na construção do conhecimento matemático. A autora enfatiza a necessidade de ensinar o cálculo matemático na escola primária em função de:
As aprendizagens no terreno do cálculo mental influem na capacidade de resolver problemas;
O cálculo mental aumenta o conhecimento no campo numérico;
O trabalho de cálculo mental habilita para uma maneira de construção do conhecimento que, a nosso entender, favorece uma melhor relação do aluno com a matemática;
O trabalho de cálculo pensado deve ser acompanhado de um aumento progressivo do cálculo automático.

Em primeiro lugar é importante que as pessoas desenvolvam suas próprias técnicas de cálculo mental e não fiquem limitadas a um único processo. Além disso, o cálculo mental estimula a compreensão do sistema decimal. Por exemplo: que decompõe mentalmente o numero 123 em 100+20+3, mostra que compreende o princípio aditivo e o valor posicional nosso sistema de numeração.

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